O
Espírito de Serviço
Por Conceição Vitor
Hoje,
vamos falar uma das maiores Virtudes da Consciência Crística: o espírito de “Serviço”.
Se
você é trabalhador da Luz e doa seu tempo, seu conhecimento e seus dons a uma
causa, você já deve ter ouvido a célebre frase: “Mas o que é que você ganha com isso?”
Pois
bem, o êxtase do Ser Crístico é justamente o servir, o doar-se, o
compartilhar... sem o foco no resultado e, muito menos, no retorno; seja ele
qual for.
Não
existe mais o “dar e receber”, porque o retorno é a própria alegria de
doar-se.... O receber já é o próprio ato de dar.... O Ser Crístico não visa
receber nada porque já tem tudo, está em plenitude com a Centelha Divina “Eu
Sou”. Está pleno de realização interior.
Em
uma mentalidade onde predomina o domínio do ego, ou seja, do interesse próprio,
a barganha, a recompensa... é um pouco difícil alcançar o significado desse
estado de consciência e, não raro, a pessoa é tida como estranha, diferente e
até “meio boba”.
O
Espírito de Serviço não está atrelado às escolhas egoicas da mente
encarnada.... Está atrelado ao propósito de alma de cada ser, encarnado ou não.
Nesse
estágio de consciência, quem alimenta os pensamentos, sentimentos, emoções e
ações do Ser é a sua Alma, sua Centelha Divina, e não se tem mais quase
compromisso ou identidade alguma com a consciência de massa... já alçou voo
para além do estrato sociocultural geográfico, onde se está inserido.
Interiorizou-se!
Este
é o Ofício do Cristo, operando em você... aqui na fisicalidade.
O
espírito de Serviço está além do que conhecemos como altruísmo que, por sua
vez, transcende o conceito de caridade.
A
visão teológica do termo “caridade” distorceu, restringiu ou minimizou bastante
o seu significado, quase que unicamente a nível material: o doar coisas a quem
tem menos.
Mas
a caridade, eu diria, é o primeiro estágio, ou estágio embrionário do espírito
de Serviço; ou seja, é o primeiro degrau iniciático do Serviço.
Caridade
é a ajuda prestada de indivíduo para indivíduo, quase sempre de natureza
material, embora a caridade se manifeste de diversas formas.
Quando
você oferece um sorriso, uma palavra, um aperto de mão, a paciência de ouvir um
desabafo, um abraço a quem está em meio a uma experiência de dificuldade ou
privação ou carência, uma prece em favor de outro... ou outros.
Equivocadamente,
religiões transformaram a caridade em uma obrigação, ou um negócio com o Divino.
Ora... onde tem obrigação não tem coração: é ego.
Um
ego que o obriga a ajudar o próximo porque Jesus mandou, ou porque Kardec
falou, ou porque disso depende a sua redenção, a sua salvação..., ou seja, a
caridade é um “negócio” que vai lhe render algum ganho, a longo prazo.... Nesse
caso, a intenção é manipular o Divino para obter uma recompensa.
O
doar por ter pena de alguém também não tem alma: tem ego, pois, consciente ou
inconscientemente, se está considerando que o outro é menos ou tem menos do que
você.
Outra
distorção é doar ou ajudar para alimentar uma autoimagem de “bonzinho”, ou por
efeito gregário, ou seja, quando muitas pessoas estão doando ou ajudando, com
medo do julgamento social... quando acontecem tragédias, por exemplo.
Somente
a ação caritativa que emana voluntariamente
do seu coração e sem intenções egoicas se soma ao seu coeficiente de iluminação....
Essa é a verdadeira caridade; o resto é ego, não serve ao seu propósito de
alma.
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O
segundo passo iniciático, por assim dizer, no caminho do Serviço é o altruísmo.
O
conceito filosófico de altruísmo é de um tipo de comportamento encontrado nos
seres humanos e outros seres vivos. Não é sinônimo de filantropia, mas é algo
mais próximo da solidariedade.
A
palavra “altruísmo” em si, foi cunhada pelo filósofo francês Augusto Comte, em
1831, para caracterizar o conjunto das disposições humanas (individuais e coletivas) que inclinam os seres humanos a se
dedicarem aos outros.... É um conceito que se opõe ao egoísmo (ego = eu), que são inclinações
especificamente individuais (pessoais ou
coletivas).
O
altruísmo já tira a pessoa que detém esse nível de comprometimento da condição
de obrigação ou negócio. É mais um estado natural de consciência do que algo
imposto de fora.... A pessoa demonstra, aqui, um certo grau de despojamento de
si mesmo em favor do outro.
Enquanto
a caridade é de indivíduo para indivíduo, o altruísmo é mais uma causa social,
ou seja, não se trata de ajudar um indivíduo necessitado, mas também, ou
principalmente, uma causa social.
O
altruísta não doa coisas apenas; ele doa o tempo, ideias, ações coletivas,
abraça causas.... Sai um pouco de si mesmo, da sua persona, da sua zona de
conforto.
É
o início do desapego do ego. É o momento ou o estágio em que o Eu Divino começa
a se manifestar e ganhar força no interior do coração.... E começa a dirigir os
pensamentos, sentimentos e ações do Ser.
Porém,
aí o ego ainda tem poder.... É como se fosse uma vida dupla, uma metade de
caminho, em que se está com um pé de um lado e o outro de outro lado. Há uma
espécie de equilíbrio, onde as duas forças motrizes: ego e espírito, se
equiparam e dividem a consciência ora em um estado, ora em outro, mantendo
ambos como necessários em seu caminho.
Desenvolvem-se,
neste estágio, a compaixão e a empatia...
Entretanto,
quem estagia ao nível de altruísta nunca mais pode voltar a ser apenas caridoso....
Iniciações espirituais, ocorridas ao nível de alma, jamais retrocedem porque
promovem uma expansão de consciência irreversível.
E
nesse estado de não retrocesso, a expansão de consciência é uma constante
espiral ascendente interminável.... Nesse processo, o Ser vai se libertando
gradativamente de toda manifestação de domínio do ego e se fundindo, também
gradativamente, com sua Centelha Divina, a partícula de Deus encerrada em seu
Cardíaco.
As
questões pessoais, as realizações materiais e particulares deixam de ser
prioridade, perdem a importância porque a consciência já expandiu para o
domínio do universal.
Esse
estágio transcende o domínio do coletivo, experimentado no Altruísmo, e adentra
totalmente no propósito de alma que atende ao propósito divino.... Aqui, não
está mais em jogo o indivíduo, a família, a comunidade, o país, o planeta..., mas
sim a universalidade, o Serviço ao
Criador, na qualidade e na competência de um cocriador.
Os
cristãos devem se lembrar da célebre frase de Paulo de Tarso, quando iniciou
seu apostolado: “Não sou mais eu quem
vive, é Deus que vive em mim”.... Isso é unificação, é a supremacia da
Essência sobre o ego.... Aliás, o ego se torna uma ferramenta à disposição da Alma,
para suas realizações para o Bem Maior.
É
esse espírito de “Serviço” que move
os avatares, os cristos, os arcanjos e anjos, os mestres, seres extraplanetários
evoluídos, os grandes trabalhadores e guerreiros da Luz, por exemplo, a
descerem na densidade de um planeta de 3ª Dimensão, para resgatarem e elevarem
uma humanidade ainda em sua infância espiritual.
Eles
se sujeitam aos perigos e enfrentamentos impostos pela escuridão.... Eles doam
seu corpo físico, porque quase sempre são martirizados e assassinados, mas
deixam faíscas de luz em milhares de consciências, cada vez que aqui vêm.
Eles
passam muitos séculos, milênios até, em trabalho de redução de sua elevadíssima
frequência vibracional para ancorarem sua energia em um corpo humano físico
tridimensional, ainda à base de carbono.
Mas
isso não importa para eles, porque só o que sentem é amor, é entrega, é
comprometimento.
Pela
completa integração à Consciência Cósmica, nada temem, nada os intimida, nada
lhes oferece resistência....
Esses
são aqueles para quem você nunca poderá perguntar: “Mas o que é que você ganha com isso?”, porque o ganho é exatamente
a oportunidade de servir e cocriar, ser Um com o Divino.
Não
existe mais o espírito caridoso, nem o altruísta: existe o próprio Criador
cuidando, gerindo e sustentando a própria Criação. Não existe mais você e o
Criador: existe o próprio Criador se expressando em você.
Não
perdemos nossa identidade, mas passamos a ser identidade em unidade, pela fusão
com a Mente Sagrada do Criador.
É
um estágio que nos parece distante demais para alcançar, não é? Mas ele começa
aqui, quando você desenvolve o espírito da verdadeira caridade, até se tornar
um altruísta e se graduar como Servidor.
O
estágio da Caridade se caracteriza pela ajuda; o do Altruísmo pela Abnegação e,
finalmente, o estágio do Serviço se reconhece pela entrega....
Não
se chega ao espírito de Serviço em nenhuma escola..., não há cursos, não há
livros, não há práticas espirituais.... O único caminho é sempre o da expansão
de consciência, que se consegue ao olhar para dentro, reconhecer e se entregar
ao Ser Divino que habita em seu coração, cuja personalidade é apenas uma casca,
uma vestimenta social, da qual você vai se despojando a cada pequeno salto
quântico, ao longo de sua caminhada de retorno à Casa do Pai: seu coração.
Namastê!
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Conceição Vitor: mc_vitor@terra.com.br
Fonte: http://almasiriana.blogspot.com