EM SERVIÇO NO PLANETA TERRA

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terça-feira, 5 de novembro de 2019

RE-SIGNIFICANDO
A PARÁBOLA DO “FILHO PRÓDIGO”


Por Conceição Vitor

O Universo é harmônico. A Harmonia (coerência) é a constante do Universo manifestado e não a Perfeição. Esta é inerente à Fonte Criativa. Entenda-se por Harmonia/Coerência o equilíbrio entre as partes. Assim sendo, o Caminho evolutivo é a busca do equilíbrio – o Caminho do Meio (Buda).

A compreensão dessa verdade universal elimina o conceito de dualidade. Dissolve-se a concepção de bom e ruim, bem e mal, certo e errado, positivo e negativo... resta apenas a diversidade de experiências; e toda e qualquer experiência traz um ganho, traz crescimento, traz evolução, traz integração de um nível maior de consciência.

Ainda que na experiência evolutiva da Terra – onde o método é de fricção (embate das polaridades) – algumas experiências nos pareçam errôneas ou fracassadas, não o são. São apenas experiências. E se assim o são, não cabe julgamento, muito menos punição.

Eu costumo dizer que “despertar” a consciência (sair do véu de Maya) é ver o mundo pelo avesso, literalmente... Façamos uma releitura da parábola do “Filho Pródigo”, com base nesse “avesso”.

A Bíblia judaica nos conta que um pai dividiu sua herança entre seus dois filhos, por exigência do filho mais novo, que queria viver sua própria vida. Enquanto o filho mais velho ficou ao lado do pai, trabalhando e cuidando do seu patrimônio, o aventureiro mais novo ganhou o mundo. Lá fora, ele fez todas as experiências que lhe vieram à cabeça: ganhou, perdeu, caiu, levantou, sofreu, gozou, chorou, sorriu... e acabou na miséria (cansaço = caos, vazio), com saudades do aconchego da família e da segurança do amor do pai... “Saudades de Lar”. E voltou, e abraçou o pai e teve festa para recebê-lo de volta... “o filho que estava perdido e que se encontrou”.

A religião nos ensinou que o significado dessa parábola é o grande amor que o Pai nos dedica, ao ponto de perdoar nossos “pecados” e se alegrar com nosso arrependimento, mais do que se alegra com a dedicação do filho mais velho, que nunca saiu de perto dele e nunca “pecou”.

Mesmo com a interpretação católica da parábola, o Pai não julga, não condena e não pune – Jesus também não – mas os religiosos, que se auto intitulam “representantes de Deus na Terra” e (ad)ministradores da doutrina de Jesus para os humanos, julgam, condenam e punem os “pecadores” ... Tem algo errado aí!

Agora, sob a luz dos novos paradigmas, não lhes parece que essa parábola quer dizer outra coisa? A mim, ela parece retratar a nossa caída na densidade para a experimentar a dualidade e a separação da Fonte. Ou seja, a entrada na roda das encarnações inconscientes, em corpo físico, que algumas almas escolheram experimentar e outras não, ou escolheram participaram do experimento, mas de outra forma.

Os que escolheram a experiência, enfrentariam todo tipo de adversidades que o jogo da integração das polaridades (Luz X sombras) oferece. Experimentamos o Céu e o Inferno em doses acentuadas, e com o livre-arbítrio de escolher em que lado do jogo experienciar: ora um, ora outro, até integrar o aprendizado em um ponto de equilíbrio, ou seja, o triângulo sagrado, e ascensionar: “voltar à Casa do Pai”, o que significa a reconexão com a Fonte e com as partes superiores da própria alma encarnada.

A “miséria” aqui não se trata de situação financeira, mas sim o cansaço das experiências. É quando o Ser se rende ao fluxo e decide voltar para a Casa do Pai (a energia do Amor Incondicional), lugar onde há proteção, abundância e aconchego da Fonte. Fica claro que o sucesso e o fracasso são sempre positivos, pois são apenas energias que atuam como ferramentas de fricção.

Mas por que o comportado filho mais velho nunca teve festa?

Deus ama o os dois e honra os dois – o “obediente” e o “rebelde”, mas festeja o filho rebelde, porque este sim fez a Vontade do Pai, que é experienciar a Criação e ser capaz de retornar à origem. Ou seja, experimentar Luz e Sombra e escolher voltar para a Luz. A Alma anseia por experiências, sejam elas quais forem, no desenvolvimento de suas potencialidades latentes.

O “filho obediente” representa as Almas que ficaram na retaguarda, na administração do Experimento, no direcionamento daqueles que mergulharam na densidade e polaridade; ou que simplesmente escolheram não participar e nunca deixaram sua zona de conforto.

Obediência e rebeldia ganham, aqui, uma releitura, pois a primeira significa o serviço e a conexão ininterrupta com o Criador, e a segunda significa a coragem, o espírito aventureiro de mergulhar na escuridão, correndo o risco de se perder e não mais se encontrar. Por isso a festa ao filho que conseguiu voltar.
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