POSTAGENS FIXAS

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Simplesmente, não diga nada


OSHO – Um Consciência Siriana

Você olha para uma flor e imediatamente sua mente começa a falar: "Uma bela flor, como nunca vi antes". Alguma poesia surge, mas tomada como empréstimo, é claro. A flor é perdida, a clareza não está presente. As palavras a maculam -- você não consegue ver uma flor sem lhe dar um nome? É necessário denominá-la? O nome que você der à flor auxiliará alguma coisa? Ela será mais bela se você tiver um conhecimento botânico sobre ela? Esta é a diferença entre um botânico e um poeta: Um botânico sabe sobre uma flor, o poeta conhece a flor. O botânico é simplesmente um ignorante - sabe muito, mas apenas sobre a flor, apenas na periferia - o poeta vê.

Em Sânscrito, existe uma só palavra para Rishi e Kavi, para o vidente e o poeta. Não existem duas palavras porque, segundo eles, sempre que um poeta realmente existe, ele é um vidente; sempre que um vidente existe, ele é um poeta. Quando a clareza existe, a vida se torna uma poesia. Mas para isso você tem de olhar para a flor sem denominá-la - ela é uma rosa ou outra flor qualquer?

Por que as palavras não necessárias? Porque você diz: " Isto é belo?" Você não consegue ver a beleza sem dizer nada? É necessário dizer que ela é bela? O que você quer dizer repetindo isso? Quer dizer que a flor não é suficiente -  é preciso sugerir que ela é bela para conseguir criar a beleza em torno dela. Você não vê a flor; ela é apenas um desenho no qual você tem que projetar a beleza.

Olhe para flor e não diga nada. Será difícil, a mente se sentirá inquieta porque já se habituou. Ela vive tagarelando constantemente. Olhe para a flor e faça disso uma meditação! Olhe para árvore e não a verbalize, não diga nada! Não há necessidade, a árvore existe - para que dizer alguma coisa?

Ouvi contar que Lao tsé, um dos místicos chineses, costumava fazer uma caminhada pela manhã, diariamente. Seu vizinho costumava acompanhá-lo, mas como sabia que Lao Tsé era um homem silencioso, seguiu-o durante anos nessa caminhada sem nunca dizer nada. Um dia, havia uma visita na casa do vizinho, um hóspede, e ele quis ir também. O vizinho disse:

- Não fale nada porque Lao Tsé gosta de viver diretamente. Não diga nada.

Eles saíram. A manhã estava bela, silenciosa, os pássaros cantavam e só por hábito o hóspede exclamou:

- Que beleza!

Só isso, não era muito; em uma hora de caminhada, não é muito: " Que beleza". Mas Lao Tsé olhou-o como se ele tivesse cometido um pecado.

Quando chegaram em casa, ao entrar na porta, Lao Tsé disse ao vizinho:

- Não venha nunca mais! E nunca mais traga qualquer pessoa - esse homem é muito tagarela.

E ele só disse: "que beleza". E Lao Tsé continuou:

- Amanhã era bela, era silenciosa. Esse homem perturbou tudo.

"Que beleza!" Caiu como uma pedra numa água silenciosa. "Que beleza!" Caiu como uma pedra numa água calma e provocou uma série de ondas.

Medite próximo a uma árvore, medite com as estrelas, com o rio, com o oceano, medite no mercado com as pessoas andando de todos os lados - não diga nada! Não julgue! Não use palavras! Apenas olhe! Se você puder clarear sua perturbação, se você puder captar a clareza de olhar, tudo será alcançado. E uma vez que essa clareza seja alcançada você será capaz de ver a si mesmo.
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Fonte: https://www.facebook.com/groups/1873598736293138/permalink/1902886360031042/